Uso de preservativo diminui no mundo 2dj2c
O uso de preservativos por adolescentes sexualmente ativos diminuiu em todo o mundo, conforme dados divulgados recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre 2014 e 2022, o percentual de jovens de 15 anos que relataram usar camisinha na última relação sexual caiu de 70% para 61% entre os meninos, e de 63% para 57% entre as meninas. 1o2a5a
Os dados, coletados em 42 países e regiões como parte do estudo “Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar” (HBSC), que entrevistou mais de 242 mil jovens com 15 anos, mostram que 30% dos adolescentes afirmam não ter utilizado nem camisinha, nem pílula anticoncepcional durante a última relação sexual.
A tendência observada pela OMS tem reflexo direto no aumento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e das gravidezes não planejadas entre jovens, além de indicar falhas na educação sexual.
O diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri P. Kluge, chamou atenção para o impacto das correntes conservadoras que, segundo ele, vêm enfraquecendo políticas de orientação sexual preventiva.
De acordo com Kluge, a educação sexual apropriada à idade é negligenciada em muitos países e, quando disponível, tem sido atacada sob o pretexto de que incentiva o comportamento sexual.
No Brasil, o cenário também exige atenção. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), publicada em 2023, quase 60% dos brasileiros com mais de 18 anos declararam não usar camisinha em relações sexuais.
O Ministério da Saúde alerta que o uso de preservativos é o método com melhor desempenho na proteção contra o HIV, vírus causador da Aids, e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), como sífilis, herpes genital e hepatites virais.
Para garantir a proteção completa contra ISTs e gestações indesejadas, é recomendada a chamada dupla proteção: o uso de camisinha aliado a outro método anticoncepcional, como a pílula ou o DIU. A orientação vale para todos os tipos de relação — oral, anal e vaginal — e inclui também o uso de brinquedos sexuais, como vibradores, pênis de silicone texturizado, plugs anais e próteses penianas.
O compartilhamento desses objetos sem o uso de preservativo pode representar risco de transmissão. Em entrevista à imprensa, a sexóloga Tamara Wall explica que, ao serem usados corretamente, ajudam a evitar a presença de vírus e bactérias em regiões sensíveis dos órgãos genitais.
Ao usar capas penianas com preservativo também é importante verificar a compatibilidade com o material do sex toy. Segundo Tamara, os preservativos de látex costumam ser compatíveis com brinquedos sexuais de silicone, mas é importante evitar o uso de lubrificantes com ativos vegetais, que aumentam o risco de corrosão.
Segundo o Ministério da Saúde, as infecções sexualmente transmissíveis podem ser assintomáticas ou se manifestar por meio de feridas, verrugas, corrimentos, dor pélvica, ardência ao urinar e lesões de pele.
O diagnóstico precoce, por meio de exames laboratoriais, e o tratamento adequado são essenciais para interromper a cadeia de transmissão e evitar complicações graves, como infertilidade, câncer ou até a morte.
Fatores culturais e econômicos influenciam decisões 4ra2w
Apesar dos esforços do poder público em ampliar o o a preservativos — que podem ser retirados gratuitamente nas unidades de saúde —, fatores sociais e culturais têm representado obstáculos na adesão.
O levantamento da OMS mostra que adolescentes de famílias com menor renda relataram taxas mais altas de sexo desprotegido em comparação com aqueles de contextos mais favorecidos. Entre os primeiros, 33% não usaram preservativo nem pílula anticoncepcional na última relação, contra 25% entre os jovens de famílias mais ricas.
Segundo análise publicada pelo Governo do Estado de São Paulo, há uma forte influência das dinâmicas de gênero na decisão sobre usar ou não a camisinha. Muitas mulheres relatam dificuldades em negociar o sexo protegido com os parceiros, enquanto parte dos homens associa o uso do preservativo à desconfiança ou infidelidade. Há aqueles que relatam incômodo durante o uso.
Ao tratar das influências que envolvem a utilização da camisinha, a cientista social e doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Thereza Couto, explica que, mesmo entre os homens que declaram usar, é possível que haja dificuldades e resistências.
“E elas, de modo geral, têm se mostrado atreladas às questões de gênero, presentes também em outros aspectos das relações sexuais, nas decisões reprodutivas, no lidar com a saúde, entre outros. Compreender essa associação é o que parece abrir portas na promoção do uso de camisinha”, destaca Thereza.